sábado, 23 de agosto de 2008

SEXO X SEXO

Hoje, fui vencido pelo cansaço do meu tédio. Fumava cigarros, um após o outro, e mesmo assim o tédio não me largava, e ainda sim criei uma criatura tão vil que temo que ela me corte as pernas, ou me jogue de escanteio: a preguiça. Restou-me escrever, por mais bobas que as palavras possam ser.
Isso me fez pensar o quanto as palavras realmente adquirem vida em determinadas situações. Por exemplo, hoje cheguei em casa satisfeito. Estava com libido à flor da pele e precisava colocar pra fora todo esse desejo insano, felizmente consegui e cheguei em casa leve. Dei um suspiro e falei: que bela trepada! Na verdade não foi uma trepada, e sim uma relaçao de amor mesmo, mas a palavras me soou tão inspiradora que conseguiu definir aquela loucura presa dentro de mim. E ainda dizem que sexo não é importante. Que mentira! O mal está quando falamos apenas por meio do sexo,isso sim é prejudicial. Nós, homens, ainda achamos que só podemos ficar por cima enquanto se pode fazer um 69 maravilhoso, ou uma escada rolante, ou quem sabe uma asa delta...enfim...as possibilidades são infinitas (que o diga o Kama Sutra), basta ter um pouco de criatividade e a coisa vai longe. Eu, por exemplo, não tenho neuras na cama, o que for para o prazer e a satisfação mútua, vamos lá. Só não me sinto a vontade com a idéia de dividir, sou muito ciumento e não suporto imaginar que...enfim...compreendem. Mas isso não significa que não possa acontecer, claro que pode, mas por enquanto NÃO! Quanto ao resto, que o mundo desabe e eu posso amar numa cama, no chão, na pia, no teto (se pudéssemos voar) e volta novamente as possibilidades. Graças a Deus todo poderoso que existe pecado. Se não existisse pecado o mundo seria tão chato e sem graça. A verdade é que se não existisse pecado eu inventaria. E se o sexo satisfaz nossos vontades mais íntimas, mesmo que seja o tempo de um orgasmo, eu transformaria um mundo num puteiro sem precedentes, seria o novo Calígula da modernidade. Sorte que já existe Deus! Existe mesmo?

FOTOS MÊS DE JULHO - OURÉM

É incrível como um período de apenas uma semana, pode transformar-se em um ano. É a relatividade do tempo. As amizades se intensificam e sobram a saudade profunda e doída. Somos seres passíveis de saudades por toda a vida, pois cada momento que respiramos deixa de existir depois de alguns miléssimos de milímetros de tempo. Sobrou esse tempo recordado e paralisado no próprio tempo. Meus olhos vêem a imagem, e, aquilo que parecia não voltar, aparece-me nas memórias como se fosse o agora. Fecho os olhos e divago rindo das bobagens, das infantilidade...percebo que fui feliz
FOI MUITO BOM AMIGOS!!!


TROVAR, TROVAR

Buscar em ti é em vão
Qualquer desejo, qualquer que seja
Vives na torre
Numa torre de marfim
Esquecida entre o não e o sim
Um corpo desejando...
O espírito preso num porão
Gostaria de ser um simples cortesão
E quem sabe eu não
Quem sabe eu não...
Eu não sei...

Uma lâmina rasgando o espaço
Tu és toda tensa
Parece que és de aço
Trataste-me com força
Deixaste de ser pequena
E passou a ser moça
Soltou estrelas da tua boca
Formaste um universo
Em teu cabelo
Enquanto eu ainda te admirava
Nos meus simples versos
E assim formávamos um elo

Tanta complexidade
Essa nossa relação, minha ama
Não se pode dizer tua idade
Teu segredos, ou outras verdades
Pois sou um triste trovador
E você uma linda dama
Minha pequena, minha ama.

UM BUQUÊ PRA QUÊ?

Cecília acordou sobressaltada. Isso já acontecia desde a data do noivado. Era véspera de seu casamento e não se sentia feliz por algum motivo. Talvez não estivesse pronta, talvez não fosse à hora, talvez não fosse a pessoa certa. A verdade que ela o amava e muito. “Por que isso, meu Deus?”. Provou o vestido pela última vez. A família estava em pavorosa com a festa, o bufê preparado, a igreja decorada.

O dia do casamento chegou. A Igreja em silêncio, pois há muito tempo não se via uma cena desta natureza. A mãe chorava; o pai, impávido não mexia um músculo de quer; Cecília no altar, solitária, carregava com firmeza o buquê e olhava fixamente as portas da igreja, esperançosa. O noivo não veio.

- Poderia continuar, por favor!

- Senhora, mas o noivo...

- Poderia continuar, por favor – Cecília insistiu.

O padre baixou a cabeça e disse:

- Não posso. Desculpe!

Cecília olhou fundo nos olhos do padre e esboçou um sorriso. Desceu o altar calmamente e caminhou pelo corredor da igreja coberto de flores. As marcas de seus sapatos perolados fixavam-se. Ninguém tencionava olhar para a noiva, (tudo era tão vergonhoso!), mas Cecília olhava para todos, que estavam de cabeças abaixadas, apenas depois que a noiva atravessou era possível ver da rua as cabeças esguichadas à espera dos próximos passos de Cecília. Seus passos lentos eram comoventes. Ao chegar à porta da Igreja, Ceci, de costas, jogou o buquê, porém não havia ninguém para apanhá-lo. Caiu no chão despetalando-se e lá ficou.

Já em casa, trancada no quarto de princesa que seus pais com cuidado construíram. Novamente ela se viu no espelho e compreendeu a angústia de antes; agora estava tudo acaba e ela aliviada. O pesadelo acabou.

Sentada defronte à sua imagem ela retirou o véu, a maquiagem delicada de noiva, desprendeu os cabelos loiros e assim permaneceu por meia hora. Retirou o vestido branco e arrumou-o cuidadosamente sobre a cama. Nua, deitou-se na banheira com os olhos fechados imaginando um lugar perfeito. Lentamente desceu até que a água cobrisse por inteiro seu rosto. Lá permaneceu. Sobre o espelho da penteadeira, escrito a batom, uma última mensagem: “Felizes são aqueles que sabem aproveitar a vida. Quando isso se acaba, a vida também se esvai. Ass. Cecília”.

CIGARRO

A solidão me devora, uma dor
Gostaria de ser condor
Livre como o ar
O cigarro enche o meu pulmão
O companheiro, um irmão
Que nunca tive
Estou sem ar
Versos e versos vêem o meu reverso
Sorvo, engulo, suspiro...
Me conservo
Já é tempo de transportar
E recriar fantasias
Pela fumaça do cigarro
Eu inalo poesias
Sonhos sutis
Febres, ardis

A solidão me acompanha
Gostaria de ter alguém, uma manha...
Para meus sentimentos debruçar
No entanto, a estrela me guia
Antares a brilhar
O firmamento azulejará
Versos e versos vêem o meu reverso
Toco, sinto, respiro
Me reservo
Já se foi o tempo de transbordar
Em lágrimas
Pela fumaça do cigarro
Eu duplico palavras
Sonhos sutis
Dores, ardis...

LETRAS TÃO MARCADAS DE UM PENSAMENTO SEM SENTIDO

Uma bruxa entrou em meu pensamento e fez um estrago. Ela me roubou o passado e me deixou a esperança do futuro, mas ele é tão incerto que temo em não ser mais ninguém. Tentei exorcizar, fiz pedido a orixá, acendi um nome na fogueira Santa de Israel , mas nada adiantou. Psicografei algumas palavras e todas foram mentiras, quem me dera se fosse sinceras de Cazuza...
Dentro de um pasta eu guardei suas fotos. Um fantasma apareceu e as rasgou. Deixou que triturasse meus pensamentos mais bonitos e marcou com caneta tinteiro as que pensei que havia rasgado da minha memória, o que se rasgou foi minha cara lavada de tanto chorar.
Depois disso, tive vontade de sair correndo e pular do precipício mais profundo, mas todas as ruas da minha vida são planas. Tentei tomar veneno e desgraçar tudo, mas os ratos daqui de casa há muito tempo não me visitam. Pensei em uma corda no pescoço, no lugar onde vivo não faz sol e não tenho cordas para estender as roupas. Estou sem saída. A porta que entrei trancou-se por fora; a escuridão tomou conta do meu espaço e me deixou encolhido como um mosquito entre as palmas espalmadas de mãos.
A solidão me tritura com seus dentes afiados e eu não tenho como escapar. Me defendo com as mãos e elas são tão curtas; suplico aos anjos por mais caridade e todos foram condenados ao inferno; peço um S.O.S, mas a guarda nacional está de recesso para o almoço.
O que me resta é dançar um tango africano, um samba argentino, uma valsa ao som do hip-hop; descer ao inferno de Dante, publicar minhas memórias póstumas e sorri com a queda do meu prédio de 20 andares. Meu Deus! Esse prédio sou eu e as palavras eram o meu alicerce.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Nosso tempo

Deixe de lado essa vida tão banal
não fique plantada,
não fique assim...
Como quem espera trem na estação central
parada como um manequim
O que é bom pra tosse eu já descobri
um gole de rum ou de gim
Não perca seu tempo regando plantas
no jardim
O tempo é curto, mas não espere por mim

As tuas horas são o reverso do meu tempo
eu desperdiço lendo livros chatos
E você fazendo cenas
como se fosse o último ato.
Agora são cinzas, do acaso
agora são veias que explodem
são os nossos rastros

O tempo se esgota, uma transformação
na nossa falta, um ato-falho.
eu engulo, eu engasgo,
eu rasgo, eu amasso.
meu corpo contrai
finalmente eu descanço
e o tempo se esvai.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


Um dia de fúria

Hoje, acordei decepcionado com a vida. Primeiro com as notícias insistentes sobre as derrotas brasilieras nas olimpíadas (que acompanho nas madrugadas sem fechar os olhos) e depois com as brigas que estão viram uma constante no meu currículo. Às vezes, tenho desejo se sumir para um lugar tão distante que nem mesmo Deus poderia me enxergar, um lugar onde seu poder (se é que ele existe) não me tocaria. A verdade é que não posso fazer nada disso, mas pelo menos mando tudo mundo se fuder. VAI SE FUDER! VAI SE FUDER! VAI SE FUDER! É incrível como a sonoridade de uma palavra pode ser tão útil num momento de raiva.
A verdade é que hoje não acordei com desejo de escrever, o fiz porque se eu não colocasse meus monstro para fora eles me devorariam por dentro. Isso não é bom para alguém como eu.
Minha operação já tem dia certo, meu remédio está acabando e logo vou "para a faca", como dizem. Se estou com medo? Não. O que me incomoda é a sujeira e o ambiente. Hospitais pra mim são ambientes de calamidades, pois não se vai ao hospital feliz, a não ser que seja um manicômio. Mas na casa de loucos eu já estou, então o que me resta é o cheiro desgraçado de álcool e química hospitalar. Fazer o quê? Pelo menos o meu cú ficará melhor, isso mesmo tenho um problema no reto (pelo menos eu entendo que é esse o problema, pois ninguém me diz ao certo), mas também estou pouco ligando e literalmente eu tô cagando para tudo (falo isso pra lembrar do cú).
Como vêem foi um dia de fúria. Minha mãe me chateia com tudo, até mesmo por que não consigo dormir as madrugadas e durmo o dia inteiro. E querem que eu faça o quê? Capine o quintal? Nem que Cristo descesse à Terra. Estou vivendo meu momento de vagabundo sim. Mereço isso, estou cansado de trabalhar, na verdade gostaria de ter um ano inteiro de férias, seria tudo lindo. Apenas d’eu e a pessoa que amo, essa pessoa sim vale à pena estar perto, apesar dos momentos de crises que constantemente estamos passando. São coisas de uma relação. FODA-SE TUDO, NOVAMENTE. Também não quero saber de felicidade, é muito chato. Se todo mundo fosse feliz o mundo seria insuportável. graças à infelicidade que podemos dizer que vivemos momentos marcantes. se o mundo fosse feito apenas de alegrias eu cometeria suicídio apenas para conhecer o inferno. É isso mesmo! Pra você ver como eu gosto de paradoxos. FODA-SE BRUNO, FODA-SE EU MESMO. Eu quero é explodir em mil pedaços e gargalhar com o diabo do meu lado.

domingo, 17 de agosto de 2008

A MENINA E O VENTO

Nenhuma tarde foi como aquela, e, talvez, nunca será. Deus, se realmente existe, estava de bom dia e o diabo se aposentou, foi dormir ou morreu! E esse tipo de entidade morre? Naquele dia lindo, ele morreu por pelo menos duas horas.

A menina veio correndo. Nem mesmo ela, dentro daquele cenário fantástico, acreditava. Tocava o chão para se certificar da verdade do cenário; sentia o cheiro das árvores (um cheiro sensível e sutil) e tocava o nariz para saber se não estava gripada. Não, não estava. Deitou-se. Cantou uma daquelas músicas que só as crianças sabem. E sabem o que mais? Era uma sinfonia orquestrada com o canto em uníssono dos pássaros-tenores. Ela não cansava do descanso, porém, restavam apenas duas horas. Tinha que aproveitar.

Correu, correu, correu...o vale não chagava ao fim, mas sua casa, que deixara para trás, diminuía a cada passo. Então, ele veio: o vento.

Primeiramente, suave (ela se assustou – um daqueles sustos gostosos que faz a mamãe gritar quando, distraída na cozinha, a menina agarra o tornozelo da mãe). Desta vez, o protagonista, era o vento.

Bailava em todos os cantos que a visão de menina permitia. Uma valsa bailada e fácil de perceber. O vento dançava para acolá e a árvore reverenciava; o vento gingava para ali e o mato se ajoelhava. O vento estava feliz.

Ela resolveu acompanhar o bailar do vento. Seu trapo virou vestido de laços azuis celestes (só para combinar com o céu, e que céu!); em seus pés descalços brilharam lindas sapatilhas. Estava preparada para o baile.

A menina flutuou. Foi carregada pelo vento como uma noiva pura, pelo puro vento. E seu noivo não parava. Já cansada, caiu plumadamente, levitada pelo sopro do vento, até tocar o chão.

Conversaram por muito tempo. Riram das figuras extravagantes das nuvens. O vento beijava, novamente, seu corpo: um calafrio. O vento afagava sua pele: uma tremedeira. O vento soprava e abria a flor do seu sexo. O vento respingava a água das nuvens. Era chuva ou prazer? O vento soprava seu cabelo. O vento modificava o tempo. Mas o tempo não pára e já estava se esgotando. “Só mais um minuto! Só mais um segundo!”. “Não, acabou!”.

Tudo voltou ao normal. O vento se foi. O vento deixou uma leve brisa no ventre e no coração da menina. Será que voltará o seu amante? Virá como uma ventania? Um furacão? Um tufão?

A menina voltou para casa. Estava descalça e com seus trapos, novamente; com o corpo sujo, contudo, sua alma estava vestida com glamour e o coração limpo.

Aquela menina nunca mais teve um vento como aquele. O demônio despertara enfim. Deus, se é que ele existe, descansou, pois estava cansado e sem fôlego de tanto soprar.

PONTO E VÍRGULA

Você, o ponto

Eu, a vírgula

Você, eu aponto

Você, me avisa

Quando é ponto e não vírgula?

A vírgula introduz o ponto

O ponto tem mais vida

O ponto pausa mais que a vírgula

A vírgula pausa o ponto

Isso é o contra-ponto

Mas, o ponto acaba

O outro, pára e volta

O peso do ponto

Entorta a vírgula

A vírgula salta o ponto

O ponto finda

A vírgula pára

Mas, reinicia.