sábado, 23 de agosto de 2008

LETRAS TÃO MARCADAS DE UM PENSAMENTO SEM SENTIDO

Uma bruxa entrou em meu pensamento e fez um estrago. Ela me roubou o passado e me deixou a esperança do futuro, mas ele é tão incerto que temo em não ser mais ninguém. Tentei exorcizar, fiz pedido a orixá, acendi um nome na fogueira Santa de Israel , mas nada adiantou. Psicografei algumas palavras e todas foram mentiras, quem me dera se fosse sinceras de Cazuza...
Dentro de um pasta eu guardei suas fotos. Um fantasma apareceu e as rasgou. Deixou que triturasse meus pensamentos mais bonitos e marcou com caneta tinteiro as que pensei que havia rasgado da minha memória, o que se rasgou foi minha cara lavada de tanto chorar.
Depois disso, tive vontade de sair correndo e pular do precipício mais profundo, mas todas as ruas da minha vida são planas. Tentei tomar veneno e desgraçar tudo, mas os ratos daqui de casa há muito tempo não me visitam. Pensei em uma corda no pescoço, no lugar onde vivo não faz sol e não tenho cordas para estender as roupas. Estou sem saída. A porta que entrei trancou-se por fora; a escuridão tomou conta do meu espaço e me deixou encolhido como um mosquito entre as palmas espalmadas de mãos.
A solidão me tritura com seus dentes afiados e eu não tenho como escapar. Me defendo com as mãos e elas são tão curtas; suplico aos anjos por mais caridade e todos foram condenados ao inferno; peço um S.O.S, mas a guarda nacional está de recesso para o almoço.
O que me resta é dançar um tango africano, um samba argentino, uma valsa ao som do hip-hop; descer ao inferno de Dante, publicar minhas memórias póstumas e sorri com a queda do meu prédio de 20 andares. Meu Deus! Esse prédio sou eu e as palavras eram o meu alicerce.

Nenhum comentário: